Teorias Psicológicas

Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11): o que é, para que serve e como aplicar na prática clínica

Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11): o que é, para que serve e como aplicar na prática clínica

A Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11) avalia sintomas psicológicos de impulsividade, fundamental para clínica e pesquisa em saúde mental

Bruno Damásio

8 minutos

18 de nov. de 2025

Abstract red shapes with textured background
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A impulsividade é um traço presente em muitas condições psicológicas e psiquiátricas, exercendo um papel crucial tanto na compreensão clínica quanto na pesquisa em saúde mental. Para mensurar essa característica de forma sistematizada, a Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11) se destaca como um dos instrumentos mais utilizados mundialmente. Neste texto, você vai entender detalhadamente o que é o BIS-11, como funciona sua aplicação e interpretação, e quais são suas principais contribuições para a clínica e a pesquisa, especialmente no contexto brasileiro.


O que é a Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11)?

Criada originalmente por Ernest S. Barratt e colaboradores, a BIS-11 é um instrumento de autorrelato desenvolvido para avaliar a impulsividade como um traço multidimensional. Em vez de encarar a impulsividade como um constructo unitário, a escala a divide em aspectos relacionados à tomada de decisão rápida, impulsividade motora e falta de planejamento futuro.

O modelo teórico original propõe três componentes principais:

  • Impulsividade motora: dificuldade em controlar ações rápidas e automáticas.

  • Impulsividade atencional: dificuldade em manter o foco e evitar distrações.

  • Não planejamento: ausência de consideração pelas consequências futuras das ações.


No Brasil, estudos psicométricos indicam que uma estrutura de dois fatores é mais adequada, reorganizando os itens em:

  • Falta de controle inibitório (combina impulsividade motora e atencional).

  • Falta de planejamento.

Essa adaptação reflete nuances culturais e psicométricas brasileiras, tornando a BIS-11 um instrumento validado, robusto e adequado para o português brasileiro.


Estrutura e aplicação da Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11)

A BIS-11 é composta por 30 itens respondidos em uma escala Likert de 4 pontos, na qual:

1 = raramente ou nunca

2 = ocasionalmente

3 = frequentemente

4 = quase sempre


Informações gerais de aplicação:

  • Tempo médio de aplicação: de 10 a 15 minutos.

  • População-alvo: adultos entre 18 e 84 anos.

  • Modo de aplicação: autorrelato, podendo ser usada em contextos clínicos, hospitalares ou de pesquisa.

Por ser autoaplicável, o instrumento orienta que as respostas sejam dadas com rapidez e honestidade, visando capturar o traço impulsivo real do indivíduo.


Subescalas e dimensões da Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11)

  1. Falta de controle inibitório

    • Avalia dificuldade de controlar respostas automáticas, manter a atenção e inibir impulsos imediatos.

    • Engloba 20 itens relacionados a descontrole comportamental e instabilidade atencional.

    • Interpretação: escores altos sugerem maior impulsividade motora e atencional, associados a comportamentos impulsivos como agressividade, compulsões e dificuldade em manter o foco.


  2. Falta de planejamento

    • Mede a tendência a agir sem considerar consequências futuras, refletindo desorganização e foco no presente.

    • Compreende 8 itens.

    • Interpretação: escores elevados indicam propensão a decisões precipitadas e baixa orientação para o futuro.

Dois itens (15 e 29) não integram essas subescalas, pois avaliam interesses intelectuais e preferências cognitivas, não diretamente relacionados à impulsividade.


Pontuação e interpretação da Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11)

Os escores são obtidos somando-se as respostas de cada item, lembrando que alguns itens possuem pontuação invertida, conforme as instruções do manual.

  • Escala total: varia de 30 a 120 pontos.

  • Score baixo: indica baixa impulsividade.

  • Score alto: sugere níveis elevados de impulsividade.


Para as subescalas, a interpretação segue a mesma lógica:

  • Falta de controle inibitório: escores altos indicam maior dificuldade em inibir respostas impulsivas.

  • Falta de planejamento: escores altos apontam para pouca atenção às consequências futuras.

Os dados normativos brasileiros fornecem parâmetros objetivos para interpretar os resultados em contexto clínico e de pesquisa, sempre em conjunto com outras informações clínicas.


População-alvo e usos recomendados

A BIS-11 é voltada principalmente para adultos, podendo ser utilizada em ampla faixa etária, de jovens adultos a idosos.

Principais usos clínicos:

  • Diagnóstico diferencial em transtornos nos quais a impulsividade é traço central ou relevante, como TDAH, transtornos de personalidade borderline e antissocial, transtorno explosivo intermitente, transtornos por uso de substâncias e avaliação de risco de comportamento suicida.

  • Monitoramento de tratamento, permitindo acompanhar evolução em psicoterapia ou em intervenções farmacológicas.

  • Pesquisa científica, investigando a impulsividade como traço de personalidade e fator transdiagnóstico em diferentes populações.

No contexto brasileiro, a escala é amplamente utilizada graças à adaptação cultural rigorosa e à boa validade psicométrica.


Cuidados éticos e limitações de uso

Embora seja uma ferramenta confiável e validada, a BIS-11 não deve ser usada de forma isolada para diagnóstico clínico.

Entre as principais limitações e recomendações:

  • Desejabilidade social: as respostas podem ser enviesadas pelo desejo de parecer mais controlado ou menos impulsivo.

  • Uso complementar: o instrumento deve ser integrado a entrevistas clínicas, histórico de vida e outras medidas qualitativas.

  • Não substitui o julgamento clínico: os escores fornecem dados quantitativos que devem apoiar, e não substituir, a formulação clínica.

O uso ético da BIS-11 envolve interpretação cuidadosa, respeitando o contexto e a singularidade de cada paciente.


Sensibilidade e uso longitudinal

Estudos internacionais indicam que a BIS-11 apresenta boa sensibilidade para detectar mudanças em impulsividade ao longo do tempo, sendo especialmente útil em:

  • Tratamento de dependência química;

  • Intervenções em TDAH;

  • Monitoramento de respostas a tratamentos farmacológicos e psicoterápicos.

No Brasil, ainda não há dados publicados sobre Índice de Mudança Confiável (Reliable Change Index – RCI), mas a reaplicação periódica (por exemplo, a cada 3 a 6 meses) pode auxiliar no acompanhamento longitudinal e na avaliação do progresso terapêutico.


Evidências psicométricas no contexto brasileiro

(Conteúdo original mantido conforme indicado — esta seção pode ser complementada com dados específicos de validação psicométrica, caso desejado.)


Como ter acesso à Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11)

Profissionais e pesquisadores podem acessar gratuitamente a versão brasileira da Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11), incluindo instruções de aplicação, chave de correção e informações técnicas completas, na Biblioteca de Instrumentos da HumanTrack:

https://bibliotecadeinstrumentos.com.br/instrumentos/escala-de-impulsividade-de-barratt-bis-11__1db72e41-276b-41d0-a8b0-7094c53cf2e4


Conclusão

A Escala de Impulsividade de Barratt (BIS-11) é um instrumento fundamental para profissionais de saúde mental que desejam mensurar a impulsividade de forma precisa, estruturada e baseada em evidências científicas. Sua utilidade em diagnóstico diferencial, monitoramento terapêutico e pesquisa transdiagnóstica amplia as possibilidades de intervenções mais objetivas e eficazes.

Recomenda-se que a escala seja sempre utilizada em conjunto com outros recursos clínicos, como entrevistas, observação e outras escalas, garantindo uma compreensão ampla e segura do funcionamento do paciente. Para explorar todo o potencial da BIS-11 na sua prática, basta acessar o link acima e baixar gratuitamente a versão brasileira validada.

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