Teorias Psicológicas

Copenhagen Burnout Inventory - Versão Brasileira (CBI-Br): o que é, para que serve e como aplicar na prática clínica

Copenhagen Burnout Inventory - Versão Brasileira (CBI-Br): o que é, para que serve e como aplicar na prática clínica

O CBI-Br é um instrumento essencial para avaliar sintomas de burnout e facilitar intervenções clínicas e pesquisas no contexto ocupacional brasileiro

Bruno Damásio

7 minutos

18 de nov. de 2025

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A prevalência crescente da síndrome de burnout (SB) entre trabalhadores de diferentes setores coloca a saúde mental ocupacional no centro das discussões acadêmicas e das práticas clínicas. Para lidar com esse cenário, o Copenhagen Burnout Inventory – versão brasileira (CBI-Br) surge como uma ferramenta essencial para identificar, monitorar e compreender os níveis de exaustão física, emocional e psicológica associados ao burnout. Neste artigo, você conhecerá o instrumento CBI-Br, suas dimensões, modos de aplicação, interpretação e cuidados éticos necessários para otimizar seu uso na clínica e na pesquisa.


O que é o Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira (CBI-Br)?

O CBI-Br é um instrumento psicológico desenvolvido para avaliar burnout em trabalhadores, especialmente adultos inseridos em ambientes laborais intensos como servidores acadêmicos e professores universitários, embora sua aplicação possa ser estendida a diversas categorias profissionais. Ao contrário de escalas que se concentram apenas na dimensão emocional, o CBI avalia burnout considerando a exaustão como elemento central da síndrome, decorrente de demandas crônicas no trabalho.

Criado por Kristensen et al. (2005) e adaptado ao português brasileiro por Rocha e colaboradores (2020), o CBI-Br foi desenvolvido para uso clínico, ocupacional e de pesquisa, oferecendo uma avaliação multidimensional do sofrimento relacionado ao trabalho.


Estrutura e aplicação do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira

O CBI-Br é composto por 19 itens, respondidos em uma escala Likert de 5 pontos que mede frequência ou intensidade dos sintomas:

  • Nunca / Em grau muito baixo = 0

  • Raramente / Em grau baixo = 25

  • Às vezes / Em certo grau = 50

  • Frequentemente / Em grau elevado = 75

  • Sempre / Em grau muito elevado = 100


O tempo médio de preenchimento varia de 5 a 10 minutos, tornando o instrumento ágil e adequado para triagem e acompanhamento do burnout em ambientes clínicos e organizacionais.


Subescalas e dimensões do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira

  • Burnout Pessoal (PB): avalia o nível de exaustão percebido pelo indivíduo em sua vida pessoal, incluindo aspectos físicos, emocionais e psicológicos. Abrange os itens 1 a 6. Essa dimensão capta sofrimento generalizado que pode ir além do ambiente profissional.

  • Burnout Relacionado ao Trabalho (WB): mensura a exaustão diretamente associada às demandas e condições laborais, com itens de 7 a 12. Indica sofrimento ocupacional específico e evidencia riscos relacionados ao ambiente e à carga de trabalho.

  • Burnout Relacionado ao Cliente/Paciente (CB): mede o desgaste resultante de interações interpessoais no trabalho, incluindo estresse e conflitos com colegas, clientes ou pacientes. Inclui os itens 14 a 18 e é especialmente relevante para profissionais que lidam diretamente com pessoas, como médicos, professores e assistentes sociais.


É importante observar que há certa sobreposição entre os domínios, principalmente entre PB e WB, exigindo interpretação clínica cuidadosa.


Pontuação e interpretação do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira

A pontuação de cada subescala é dada pela média aritmética de seus itens, variando de 0 a 100. Quanto maior o escore, maior o nível de burnout.

Embora não existam pontos de corte clínicos oficiais validados para a população brasileira, estudos internacionais sugerem que médias próximas ou superiores a 75 indicam risco significativo de burnout e necessidade de intervenção.

Na prática clínica e organizacional, os resultados podem orientar:

  • PB alto: indica exaustão pessoal generalizada; sugere necessidade de suporte psicossocial.

  • WB alto: indica sofrimento associado às condições de trabalho, sugerindo intervenções organizacionais.

  • CB alto: aponta para desgaste nas relações interpessoais no ambiente laboral, demandando intervenções de mediação e habilidades sociais.


O CBI-Br pode ser associado a outros instrumentos, como o SRQ-20 e o PHQ-9, para uma avaliação mais ampla em saúde mental ocupacional.


População-alvo e usos recomendados

Ideal para adultos em atividade laboral, o CBI-Br tem especial aplicabilidade em setores com alta demanda emocional e relacional, como o meio acadêmico, o serviço público e áreas da saúde.

Principais usos:

  • Triagem inicial de burnout

  • Apoio à formulação diagnóstica em psicoterapia e medicina do trabalho

  • Monitoramento longitudinal de sintomas

  • Avaliação de eficácia de intervenções e programas de prevenção

  • Pesquisas sobre saúde mental ocupacional


Sua versatilidade permite uso em diferentes níveis organizacionais e contextos clínicos.


Cuidados éticos e limitações de uso

Apesar de útil e prático, o CBI-Br não deve ser utilizado isoladamente como diagnóstico formal. Seu uso deve estar integrado a uma avaliação clínica mais ampla, considerando fatores contextuais e subjetivos.

Limitações importantes incluem:

  • Dificuldade em distinguir a origem da exaustão (pessoal vs. trabalho)

  • Potencial subestimação de sintomas em pessoas com estratégias defensivas, negação ou alexitimia

  • Possível sobreposição entre domínios, sobretudo PB e WB


Essas limitações reforçam a necessidade de interpretação por profissionais experientes.


Sensibilidade e uso longitudinal

O CBI-Br apresenta boa sensibilidade para detectar mudanças ao longo do tempo, sendo recomendado seu uso periódico — preferencialmente trimestral ou semestral — para monitorar sintomas, avaliar intervenções e ajustar estratégias terapêuticas ou organizacionais.

A reavaliação contínua ajuda a prevenir agravamentos e possibilita cuidado proativo e individualizado.


Como ter acesso ao Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira

Profissionais e pesquisadores podem acessar gratuitamente a versão brasileira do CBI-Br, incluindo instruções completas, chave de correção e material técnico, através da Biblioteca de Instrumentos da HumanTrack:

https://bibliotecadeinstrumentos.com.br/instrumentos/copenhagen-burnout-inventory-versao-brasileira-cbi-br__4ace6e06-1073-4a6b-80d1-9ffe14db4bca


Conclusão

O Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira (CBI-Br) é uma ferramenta robusta, prática e clinicamente relevante para a avaliação aprofundada do burnout. Sua estrutura multidimensional permite identificar diferentes formas de exaustão — pessoal, laboral e relacional — possibilitando intervenções mais eficazes e direcionadas.

Se você trabalha com saúde mental, medicina do trabalho ou pesquisa em saúde ocupacional, o CBI-Br é um recurso indispensável. Baixe a escala e transforme dados em insights valiosos para promover bem-estar e cuidado integral aos trabalhadores.

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