A prevalência crescente da síndrome de burnout (SB) entre trabalhadores de diferentes setores coloca a saúde mental ocupacional no centro das discussões acadêmicas e das práticas clínicas. Para lidar com esse cenário, o Copenhagen Burnout Inventory – versão brasileira (CBI-Br) surge como uma ferramenta essencial para identificar, monitorar e compreender os níveis de exaustão física, emocional e psicológica associados ao burnout. Neste artigo, você conhecerá o instrumento CBI-Br, suas dimensões, modos de aplicação, interpretação e cuidados éticos necessários para otimizar seu uso na clínica e na pesquisa.
O que é o Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira (CBI-Br)?
O CBI-Br é um instrumento psicológico desenvolvido para avaliar burnout em trabalhadores, especialmente adultos inseridos em ambientes laborais intensos como servidores acadêmicos e professores universitários, embora sua aplicação possa ser estendida a diversas categorias profissionais. Ao contrário de escalas que se concentram apenas na dimensão emocional, o CBI avalia burnout considerando a exaustão como elemento central da síndrome, decorrente de demandas crônicas no trabalho.
Criado por Kristensen et al. (2005) e adaptado ao português brasileiro por Rocha e colaboradores (2020), o CBI-Br foi desenvolvido para uso clínico, ocupacional e de pesquisa, oferecendo uma avaliação multidimensional do sofrimento relacionado ao trabalho.
Estrutura e aplicação do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira
O CBI-Br é composto por 19 itens, respondidos em uma escala Likert de 5 pontos que mede frequência ou intensidade dos sintomas:
Nunca / Em grau muito baixo = 0
Raramente / Em grau baixo = 25
Às vezes / Em certo grau = 50
Frequentemente / Em grau elevado = 75
Sempre / Em grau muito elevado = 100
O tempo médio de preenchimento varia de 5 a 10 minutos, tornando o instrumento ágil e adequado para triagem e acompanhamento do burnout em ambientes clínicos e organizacionais.
Subescalas e dimensões do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira
Burnout Pessoal (PB): avalia o nível de exaustão percebido pelo indivíduo em sua vida pessoal, incluindo aspectos físicos, emocionais e psicológicos. Abrange os itens 1 a 6. Essa dimensão capta sofrimento generalizado que pode ir além do ambiente profissional.
Burnout Relacionado ao Trabalho (WB): mensura a exaustão diretamente associada às demandas e condições laborais, com itens de 7 a 12. Indica sofrimento ocupacional específico e evidencia riscos relacionados ao ambiente e à carga de trabalho.
Burnout Relacionado ao Cliente/Paciente (CB): mede o desgaste resultante de interações interpessoais no trabalho, incluindo estresse e conflitos com colegas, clientes ou pacientes. Inclui os itens 14 a 18 e é especialmente relevante para profissionais que lidam diretamente com pessoas, como médicos, professores e assistentes sociais.
É importante observar que há certa sobreposição entre os domínios, principalmente entre PB e WB, exigindo interpretação clínica cuidadosa.
Pontuação e interpretação do Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira
A pontuação de cada subescala é dada pela média aritmética de seus itens, variando de 0 a 100. Quanto maior o escore, maior o nível de burnout.
Embora não existam pontos de corte clínicos oficiais validados para a população brasileira, estudos internacionais sugerem que médias próximas ou superiores a 75 indicam risco significativo de burnout e necessidade de intervenção.
Na prática clínica e organizacional, os resultados podem orientar:
PB alto: indica exaustão pessoal generalizada; sugere necessidade de suporte psicossocial.
WB alto: indica sofrimento associado às condições de trabalho, sugerindo intervenções organizacionais.
CB alto: aponta para desgaste nas relações interpessoais no ambiente laboral, demandando intervenções de mediação e habilidades sociais.
O CBI-Br pode ser associado a outros instrumentos, como o SRQ-20 e o PHQ-9, para uma avaliação mais ampla em saúde mental ocupacional.
População-alvo e usos recomendados
Ideal para adultos em atividade laboral, o CBI-Br tem especial aplicabilidade em setores com alta demanda emocional e relacional, como o meio acadêmico, o serviço público e áreas da saúde.
Principais usos:
Triagem inicial de burnout
Apoio à formulação diagnóstica em psicoterapia e medicina do trabalho
Monitoramento longitudinal de sintomas
Avaliação de eficácia de intervenções e programas de prevenção
Pesquisas sobre saúde mental ocupacional
Sua versatilidade permite uso em diferentes níveis organizacionais e contextos clínicos.
Cuidados éticos e limitações de uso
Apesar de útil e prático, o CBI-Br não deve ser utilizado isoladamente como diagnóstico formal. Seu uso deve estar integrado a uma avaliação clínica mais ampla, considerando fatores contextuais e subjetivos.
Limitações importantes incluem:
Dificuldade em distinguir a origem da exaustão (pessoal vs. trabalho)
Potencial subestimação de sintomas em pessoas com estratégias defensivas, negação ou alexitimia
Possível sobreposição entre domínios, sobretudo PB e WB
Essas limitações reforçam a necessidade de interpretação por profissionais experientes.
Sensibilidade e uso longitudinal
O CBI-Br apresenta boa sensibilidade para detectar mudanças ao longo do tempo, sendo recomendado seu uso periódico — preferencialmente trimestral ou semestral — para monitorar sintomas, avaliar intervenções e ajustar estratégias terapêuticas ou organizacionais.
A reavaliação contínua ajuda a prevenir agravamentos e possibilita cuidado proativo e individualizado.
Como ter acesso ao Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira
Profissionais e pesquisadores podem acessar gratuitamente a versão brasileira do CBI-Br, incluindo instruções completas, chave de correção e material técnico, através da Biblioteca de Instrumentos da HumanTrack:
https://bibliotecadeinstrumentos.com.br/instrumentos/copenhagen-burnout-inventory-versao-brasileira-cbi-br__4ace6e06-1073-4a6b-80d1-9ffe14db4bca
Conclusão
O Copenhagen Burnout Inventory – Versão Brasileira (CBI-Br) é uma ferramenta robusta, prática e clinicamente relevante para a avaliação aprofundada do burnout. Sua estrutura multidimensional permite identificar diferentes formas de exaustão — pessoal, laboral e relacional — possibilitando intervenções mais eficazes e direcionadas.
Se você trabalha com saúde mental, medicina do trabalho ou pesquisa em saúde ocupacional, o CBI-Br é um recurso indispensável. Baixe a escala e transforme dados em insights valiosos para promover bem-estar e cuidado integral aos trabalhadores.






