Teorias Psicológicas

Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT): quando usar, como aplicar e como interpretar os escores do AUDIT

Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT): quando usar, como aplicar e como interpretar os escores do AUDIT

Entenda o AUDIT, um teste confiável para avaliação de sintomas relacionados ao consumo problemático de álcool em contextos clínicos e científicos

Bruno Damásio

7 minutos

18 de nov. de 2025

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O consumo abusivo de álcool é uma das questões de saúde pública que mais demandam atenção no Brasil e no mundo. Para lidar com esse desafio, é fundamental contar com instrumentos confiáveis e validados que permitam identificar precocemente padrões de uso problemático, facilitando a intervenção rápida e eficaz. Um dos principais recursos disponíveis para essa finalidade é o Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) — um teste desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que vem ganhando cada vez mais espaço na prática clínica, no ambiente organizacional e na pesquisa científica. Neste artigo, você vai entender detalhadamente o que é o AUDIT, como ele está estruturado, para que serve, quem pode utilizá-lo e como interpretar seus resultados para transformar dados em insights clínicos valiosos.


O que é o Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT)

O AUDIT é um instrumento de triagem formado por 10 itens autoadministráveis, desenvolvido para identificar o consumo nocivo de álcool, sintomas de dependência e as consequências adversas relacionadas ao uso dessa substância. Criado pela OMS na década de 1990, sua proposta central é fornecer dados objetivos que embasem decisões clínicas e promovam estratégias de intervenção adequadas, sobretudo em contextos de atenção primária, programas clínicos, ambientes organizacionais e pesquisas populacionais. A versão brasileira validada por Santos et al. (2012) confirmou sua robustez psicométrica, com alta fidedignidade e estabilidade temporal, garantindo sua confiabilidade no país.


Estrutura e aplicação do AUDIT

O AUDIT é composto por dez perguntas que avaliam três aspectos principais do consumo de álcool: frequência e quantidade ingeridas, sintomas associados à dependência e prejuízos decorrentes do consumo. Os itens têm escalas de resposta que variam entre 0 e 4 ou 5 pontos, predominando perguntas sobre frequência, quantidade consumida e impactos negativos percebidos.

A aplicação é rápida, leva entre 10 e 15 minutos, e pode ser feita por profissionais capacitados, sem necessidade de materiais complexos. É recomendado que as respostas reflitam as últimas semanas, para captar o padrão atual de consumo.


Subescalas e dimensões do AUDIT

O AUDIT é dividido em dois fatores principais:

  • Fator 1 – Frequência e consequências adversas do consumo

    Reúne itens que captam a regularidade do consumo e seus efeitos negativos — culpa, prejuízos na rotina ou nos relacionamentos e acidentes relacionados ao álcool. Inclui os itens 1, 2, 3, 7, 8, 9 e 10. Explica cerca de 47,5% da variância total.

  • Fator 2 – Dependência

    Avalia perda de controle, tolerância e sinais de abstinência. Inclui os itens 4, 5 e 6, explicando 11,6% da variância. É essencial para identificar possíveis transtornos por uso de álcool que requerem avaliação clínica detalhada.

Para uma avaliação quantitativa mais precisa, recomenda-se transformar unidades de bebida em “doses-padrão”, com equivalências específicas para cada tipo de bebida alcoólica.


Pontuação e interpretação do AUDIT

A pontuação total varia de 0 a 40. Embora o estudo brasileiro não tenha definido pontos de corte específicos, recomenda-se usar os intervalos propostos pela OMS:

  • 0 a 7 pontos: consumo de baixo risco.

  • 8 a 15 pontos: uso arriscado; pode exigir orientação breve.

  • 16 a 19 pontos: uso nocivo; indica prejuízos relevantes e necessidade de intervenção estruturada.

  • 20 pontos ou mais: provável dependência; requer avaliação diagnóstica formal e encaminhamento especializado.

Essas faixas devem sempre ser interpretadas junto a dados clínicos adicionais.


População-alvo e usos recomendados

O AUDIT pode ser aplicado em adolescentes e adultos, sendo mais comum entre universitários, pacientes de atenção primária, colaboradores em empresas com políticas de saúde ocupacional e populações de pesquisa.

Na prática clínica, o AUDIT é indicado para triagem precoce, apoio à decisão sobre intervenções, monitoramento terapêutico e apoio a programas de saúde pública.


Cuidados éticos e limitações de uso

O AUDIT não deve ser usado isoladamente para diagnosticar transtornos por uso de álcool. É necessária interpretação profissional que considere o histórico do paciente e outros instrumentos complementares, como CAGE ou ASSIST.

O sigilo e a privacidade do paciente são fundamentais para garantir respostas fidedignas. O AUDIT também apresenta limitações quanto à sensibilidade para detectar mudanças clínicas ao longo do tempo.


Sensibilidade e uso longitudinal

O estudo brasileiro confirmou alta estabilidade temporal (rtt = 0,94; ICC = 0,96), indicando confiabilidade em condições semelhantes. No entanto, ainda não há evidências suficientes sobre sua sensibilidade para detectar mudanças após intervenções.

Por isso, recomenda-se aplicar o AUDIT em intervalos regulares — entre 30 e 60 dias — sempre associado a outras avaliações clínicas.


Evidências psicométricas no contexto brasileiro

A validação brasileira conduzida por Santos et al. (2012) confirmou a robustez psicométrica do instrumento, garantindo sua utilidade no contexto nacional.


Como ter acesso ao Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT)

Profissionais e pesquisadores podem acessar gratuitamente a versão brasileira validada do AUDIT, com instruções completas, chave de correção e informações técnicas, na Biblioteca de Instrumentos da HumanTrack:

https://bibliotecadeinstrumentos.com.br/instrumentos/alcohol-use-disorder-identification-test-audit__62831922-4ac6-42a0-8d7e-72f798485a07

Esse acesso gratuito facilita a incorporação do AUDIT na rotina clínica e de pesquisa.


Conclusão

O AUDIT é uma ferramenta valiosa para a triagem e avaliação de padrões problemáticos de consumo de álcool em diversos contextos. Sua estrutura abrangente e validade no contexto brasileiro o tornam indispensável para profissionais de saúde e pesquisadores. Para aprimorar decisões clínicas e obter dados consistentes, conhecer e aplicar o AUDIT é fundamental. A versão brasileira validada está disponível gratuitamente no link acima.

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